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                          Por que a conta de luz é alta                            Poucos consumidores  sabem que, quando pagam a conta de luz, estão pagando bem mais do que a energia  consumida. O custo de geração, transmissão e distribuição de energia não é  barato, mas o valor pago pelo consumidor para dispor desse insumo essencial da  vida moderna supera em muito esse custo e a devida remuneração dos  investimentos das empresas fornecedoras, pois a conta embute dezenas de  subsídios e outras despesas. Estima-se que esses acréscimos correspondam  atualmente a cerca de 20% do total pago pelo consumidor. Se somados os  impostos, a parcela adicional ao custo efetivo da energia consumida supera a  metade do valor pago. Além de onerar famílias e empresas, essa prática, como  observou em entrevista ao Estado o diretor-geral da Agência Nacional  de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, distorce os preços e as regras de  mercado.Os consumidores em geral são obrigados a arcar parcial  ou totalmente com o custo, entre outros, do Programa Luz Para Todos, do uso de  usinas térmicas para o abastecimento da Região Norte, do incentivo para a  produção de energia eólica ou de biomassa e do subsídio para pequenas  hidrelétricas e pequenas distribuidoras.
 A esses ônus o fracasso do programa populista do  governo Dilma Rousseff de redução das tarifas e de renovação das concessões no  setor elétrico impôs o custo das indenizações das empresas transmissoras que  não foram ressarcidas pelos investimentos realizados até 2000. Estima-se que  essas indenizações implicarão aumento médio de 3% da tarifa de energia a partir  de 2017.
 A prática tem sido a de incluir mais beneficiários  entre os contemplados pelos subsídios que oneram o consumidor. Medidas  provisórias que tratam do setor elétrico costumam receber no Congresso emendas  que acrescentam novos contemplados. Daí o diretor-geral da Aneel falar em  necessidade de um “freio de arrumação”.
 Muitos desses subsídios podem ser justificados como  políticas públicas necessárias para a proteção de famílias ou regiões com  dificuldades de acesso à energia elétrica ou para estímulo ao uso de  determinadas fontes. O que se questiona é a inclusão de tais subsídios nas  contas de luz e não nas despesas orçamentárias do governo, como deveriam ser.
 Como reconhece Rufino,  cada subsídio, isoladamente, pode fazer sentido. “O problema é que, empilhados,  eles atingiram um patamar insustentável para a tarifa de energia”, diz.
 Chegou-se a uma situação tal que, apesar de seu alto  custo de geração – pois provém de usinas termoelétricas e não de hidrelétricas  ou eólicas, como ocorre em outras áreas –, a energia consumida em Roraima,  único Estado não atendido pelo Sistema Interligado Nacional, é a mais barata do  País, por causa dos subsídios.
 A maior parte dos subsídios é canalizada para a Conta  de Desenvolvimento Energético (CDE), um dos muitos itens que compõem a tarifa  de energia, para a qual a contribuição dos consumidores das Regiões Sul,  Sudeste e Centro-Oeste é 4,5 maior do que a dos das Regiões Norte e Nordeste.
 Além de favorecer as  termoelétricas do Norte e Nordeste, o que gera distorções de preços como a  observada em Roraima, os subsídios beneficiam também o agronegócio, pois, para  reduzir em 10% as contas de luz no campo, os demais consumidores pagam R$ 2,9  bilhões por ano.
 Some-se a esses  benefícios o peso dos tributos e se chega ao tamanho das contas que brasileiros  têm de pagar mensalmente. São cerca de 6,5% do valor da conta referentes a  PIS/Cofins para o governo federal, mais o ICMS recolhido para os Tesouros  estaduais. O cálculo do tributo estadual é feito “por dentro”, ou seja,  incidindo sobre o próprio imposto. Quando a alíquota nominal do ICMS aplicada é  de 25%, como nas contas residenciais de São Paulo para quem consome mais de 201  kWh por mês, a alíquota efetiva passa a ser de 33% do valor da conta. Não é à  toa que energia elétrica, seguida pelos serviços de telefonia, se tornou a  principal fonte de receita para a maioria dos Estados, à custa do consumidor.
 Estadão Fonte: www.portalabeeolica.org.br  - 10/11/2016   |