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Com leniência, mercado volta a avaliar venda da Braskem

         Com a proximidade de um acordo de leniência da Odebrecht na Operação Lava-Jato, alguns agentes financeiros começam a se movimentar para recolocar a Braskem na lista de ativos prioritários à venda da Petrobras.
          Pela cotação das ações da Braskem em bolsa, a fatia da Petrobras valia R$ 5,3 bilhões ontem. A Petrobras possui uma participação de 47% do capital votante da Braskem, e a Odebrecht, 50,1%. As duas têm um acordo de acionistas.
          Procurada, a Petrobras e a Braskem não comentaram a informação. A Petrobras tem como meta vender US$ 15 bilhões em ativos entre 2015 e 2016 com o objetivo de reduzir a alavancagem.
          Apesar de há tempos ser vista como um potencial ativo a ser alienado, a Braskem enfrenta como obstáculo o fato de a Odebrecht ser investigada na Operação Lava-Jato. Isso dificulta a atração de interessados. A partir de um acordo de leniência, que agora está mais próximo de acontecer, a venda da fatia da Petrobras ficaria mais fácil, na avaliação de um interlocutor.
          A leniência poderia tanto facilitar um acordo de acionista entre o novo sócio e a Odebrecht, quanto levar a própria Odebrecht a se convencer de vender sua participação, apesar de o grupo resistir à ideia. Antes disso, na avaliação de um executivo próximo à Petrobras, a retomada de venda da Braskem se torna inviável.
          Credores da holding do grupo Odebrecht, os bancos têm interesse que 100% da Braskem seja vendida. Na reestruturação da dívida de R$ 11 bilhões da Odebrecht Agroindustrial, o controle da Braskem foi dado em garantia às instituições financeiras.
          Haveria ao menos cinco interessados na fatia da Petrobras na Braskem, todos de capital estrangeiro e a maior parte da própria indústria petroquímica, segundo fontes do setor e do mercado financeiro. A canadense Brookfield, a Saudi Arabian Oil, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e as americanas Dow e ExxonMobil são apontadas como candidatas.
          Outras grandes empresas químicas, entre as quais a Basf, poderiam participar do processo, em um momento em que as commodities petroquímicas voltaram a ser um negócio atraente, disse uma fonte da indústria. "Com a queda do preço do petróleo e a consolidação do setor, faria sentido que todas as grandes olhassem [a participação da Petrobras]."
          Desde abril de 2015, quando começaram a circular informações sobre os estudos conduzidos pela estatal para se desfazer da participação, as ações da Braskem praticamente dobraram de valor. Portanto, agora, o valor embolsado na venda dos papéis seria maior.
          Além disso, a indústria petroquímica global experimenta um ciclo de alta, o que reforça o caixa de empresas do setor que eventualmente estejam interessadas no negócio. A partir de 2017, há dúvidas quanto à manutenção desse cenário uma vez que uma série de projetos de produção de etileno começa a entrar em operação.
          O fato de a Braskem ter iniciado a operação do complexo petroquímico no México neste ano também contribui para a valorização do ativo. No Brasil, há garantia de fornecimento de nafta pela própria Petrobras por até cinco anos e um novo contrato de longo prazo poderia ser usado pela estatal como parte das negociações, disse outra fonte. (Colaboraram Rodrigo Polito e André Ramalho, do Rio)

Valor Econômico/Carolina Mandl e Stella Fontes

Fonte: www.portosenavios.com.br - 06/09/2016

 

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