Logo após sua formatura em Engenharia Civil (1980), Gilberto Cunha ingressa no corpo docente da UCPel para lecionar no curso de sua formação. Permanece na docência por dois anos, quando em 1982 se transfere para Brasília designado para exercer funções no DNER e posteriormente no Ministério dos Transportes. Na capital federal é nomeado sucessivamente Assessor da Sec. de Transportes Terrestres, Assessor da Sec. de Transportes Urbanos, Assessor da Sec. de Transportes Ferroviários e finalmente Coordenador de Transportes Urbanos Ferroviários. Autor do livro Indicadores de Desempenho de Sistemas Metro-Ferroviários, catalogado pela Biblioteca Central do Ministério dos Transportes.
Em 1987, retorna a Pelotas, assumindo seu trabalho como engenheiro no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. No ano seguinte, retoma suas aulas na UCPel, lecionando até hoje, repassando seu conhecimento e experiência aos estudantes de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica/Eletrônica e Arquitetura e Urbanismo.
Ao longo destas décadas, sua atividade docente sempre esteve ligada às áreas dos sistemas estruturais da construção e dos sistemas de transportes, tendo recebido de seus alunos, por diversas vezes, a distinção de ser: Paraninfo; Patrono e Professor Homenageado.
ENTREVISTA
Em 2004, o Eng. Gilberto Cunha, cumpria seu mandato de representação popular na Câmara de Vereadores e foi entrevistado pela estudante Érika, aluna do Colégio Gonzaga, sobre a importância do ensino de Filosofia na formação dos Engenheiros. Eis as respostas do Prof. Gilberto Cunha:
ÉRIKA – Na sua opinião, qual a importância do ensino da filosofia para nossa vida?
GILBERTO CUNHA – Se ensinar filosofia significa propiciar o desenvolvimento de atitudes e capacidades do aluno para o conhecimento crítico, podemos dizer que tem grande importância para a vida.
Por conhecimento crítico entende-se aquele conhecimento que se forma como resposta a alguma pergunta e que está aberto à reformulação diante de novas perguntas. Juntamente com outras ciências que são ensinadas, a filosofia aponta para as perguntas gerais e fundamentais cujas respostas tem que ser gerais e ter significados específicos para a vida do homem.
ÉRIKA – Quando você escuta falar em filosofia qual a primeira coisa que lhe vem à mente?
GILBERTO CUNHA – A primeira coisa é de que se trata de um conhecimento que não se aplica às questões do dia a dia e que é até incompatível com as atividades produtivas que se sustentam em conhecimentos técnicos, científicos e políticos.
Em segundo lugar, que se trata de um conhecimento que é dispensável na medida em que as ciências preencheram o espaço do conhecimento crítico em diversas áreas do interesse humano.
Um terceiro aspecto, que é contraditório com o respondido na primeira questão, é ser dispensável a inclusão de filosofia como um conteúdo de ensino.
Porém, se nos determos a analisar o fato de que as ciências e as técnicas estão devendo pagar uma dívida ou a promessa de que os males da humanidade poderiam ser resolvidas por elas, abrimos nossas mentes para o conhecimento filosófico e, com isto, aos poucos, rompemos com a tendência do pensamento único, para adquirir a maturidade intelectual que permite dizer um sim, um não ou um talvez, justificados para nós e para os outros. E isto é muito bom para todos.
ÉRIKA – Qual a importância da filosofia em sua profissão? Ela é útil? Por quê?
GILBERTO CUNHA – Sou engenheiro civil de profissão. A função pública de vereador é temporária e transitória.
Para a profissão de engenheiro a filosofia adquire importância ao longo do tempo no exercício profissional. Não se pode negar que a formação do engenheiro é fundamentalmente técnico-científica.
O engenheiro é formado para identificar problemas e propor soluções, tendo as ciências e técnicas como instrumentos adequados. Um outro aspecto da profissão trata da preocupação com a prevenção, para que os problemas não ocorram.
Entretanto, na prática profissional, muitas vezes, as decisões ultrapassam os recursos disponíveis da ciência e da técnica, porque as soluções dos problemas ou a necessidade de prevenção envolvem interesses e saberes outros, que obrigam a considerar outros pontos de vista e a engolir qualquer pretensão de um saber definitivo e absoluto. Quando pude ter tal experiência, minha consciência me apontou para a atitude de sabedoria, não dogmática, que é própria do saber filosófico.
Daí me vem o sentido de utilidade da filosofia, o de buscar o melhor caminho e não de apresentar uma resposta pronta. Ter a atitude para ouvir, mesmo que isto custe mais tempo do que da pura aplicação da solução oferecida à título de exemplo nos manuais de engenharia.
A filosofia tem este caráter de utilidade mais amplo, de permitir buscar o melhor, pesando o maior número de possibilidades relevantes para todos os envolvidos, porque tem afinidade com o universal, o bem, o justo, o verdadeiro, mas, também, com o razoável e o possível.
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